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Como fazer uma boa redação dissertativa no Enem

O texto dissertativo é produzido em situações que exigem do sujeito produtor a apresentação do seu ponto de vista sobre determinado assunto. Comum, sobretudo, no ambiente escolar para desenvolver a competência comunicativa do aluno, a dissertação pode ser produzida em exames vestibulares assim como em processos seletivos de candidatos a estágios e cargos em empresas públicas e privadas. Nessas situações, espera-se que o autor demonstre sua competência para dissertar, ou seja, para discorrer logicamente, organizando um texto com começo, meio e fim sobre determinado assunto.

Na dissertação, o autor precisa externar o pensamento sobre o assunto proposto, demonstrando senso crítico, independência de pensamento e capacidade comunicativa. Ao aprender a dissertar, o indivíduo aprende a selecionar e articular ideias, a expô-las e a participar efetivamente das mais diversas situações sociais. Assim, ao contrário do que alguns imaginam, a dissertação não serve apenas para o professor ler, mas também para praticar a exposição de um ponto de vista à sociedade.

A dissertação sempre tem uma intenção: apresentar o ponto de vista do autor do texto a outras pessoas, que podem concordar com a ideia ou refutá-la.

Uma vez que a dissertação é a apresentação do ponto de vista de quem escreve, é bom evitar se prender a um modelo ou a uma forma de texto que não expresse esse ponto de vista. Leia o que diz a professora Maria Thereza Fraga Rocco, responsável pelas provas de redação da Fuvest:
As boas redações são aquelas que obedecem ao discurso dissertativo — que têm começo, meio e fim — e são fruto da independência do pensamento de cada um. Ficamos exaustos de ver a "camisa de força" enfiada nos jovens pela escola ou pelos cursos preparativos.
Revista Guia do Estudante — Redação vestibular, 2008.

O leitor do texto quer saber a opinião do autor, o que ele pensa sobre o assunto dado e como pensa. Para realizar uma produção que atenda a esse propósito, é preciso demonstrar maturidade intelectual ao se posicionar sobre o tema e clareza na organização desse pensamento.

O autor da dissertação deve expressar suas ideias e defendê-las por meio de argumentos próprios, construídos a partir de sua visão de mundo. Na interação autor-leitor, o objetivo da dissertação é convencer o leitor do ponto de vista do autor, que, para persuadir e convencer, usa argumentos convincentes.

Toda informação, experiência de vida e conhecimento adquirido ao longo do tempo podem ajudar a elaborar a dissertação. Leia outro comentário da professora Maria Thereza para a mesma revista:
Pedimos temas que exijam que ele [o aluno] saiba refletir, julgar, analisar sob diversos ângulos, e nunca tópicos referentes às notícias recentes de jornal. Os estudantes ficam preocupados com a possibilidade de que caiam temas como a violência urbana, o aquecimento global, o gás natural da Bolívia. Não vai cair nada disso, já digo de cara!
O mais importante em relação a um tema é a sua progressão, isto é, como o tema se desenvolve. Convém lembrar que uma dissertação precisa ter raciocínio lógico ou encadeamento de ideias, em que uma implica o surgimento da seguinte. Cada uma das partes que formam um texto dissertativo — introdução, desenvolvimento e conclusão — tem um objetivo diferente, que exige um trabalho específico de redação. Leia uma das dissertações da Fuvest 2007 que teve boa avaliação. Ela é semelhante ao texto dissertativo do Enem, mas sem a proposta de intervenção característica deste exame. Você verá, ainda, os nossos comentários após o texto:

Vínculos que superam as diferenças
Um dos sentimentos mais admiráveis que um ser humano pode desenvolver por outro é a amizade. É através dela que muitas pessoas conseguem suportar grandes problemas em suas vidas e vencem grandes desafios.
Apesar de muitos argumentarem sobre quão difícil é encontrar alguém digno de confiança, o preço a ser pago nessa procura rende frutos ainda maiores quando se encontra uma pessoa disposta a cultivar uma amizade verdadeira com outra.
A sabedoria popular prega que "nenhum ser humano é uma ilha", e essa máxima é confirmada pelo cantor e compositor Tom Jobim, quando diz que "é impossível ser feliz sozinho". Os seres humanos precisam conviver em sociedade e criar vínculos fortes uns com os outros, porque a verdadeira amizade é mais profunda do que as pessoas imaginam: não é um relacionamento superficial, mas antes é construída à base da confiança, ou seja, lentamente.
Há muitas pessoas que buscam amizades, mas nessa busca não se importam com sentimentos alheios. Essa forma de procura por amigos é prejudicial porque é egoísta. Para ter amizades verdadeiras, as pessoas devem antes moldar-se para serem amigas, respeitando as outras pessoas, interessando-se por elas, e dessa forma descobrirão afinidades que as façam mais próximas umas das outras.
Há também quem queira manter-se longe de outras pessoas e não cultivar amizades com medo de ser magoado por alguém. Nos relacionamentos as pessoas de fato discordam umas das outras, e isso pode acontecer em amizades verdadeiras também, mas se houver real interesse entre as partes envolvidas, as diferenças são superadas a fim de que haja a retomada da amizade e assim preserve-se também a qualidade nos relacionamentos.
Portanto, o preço a ser pago no desenvolvimento de relacionamentos entre as pessoas rende bons frutos, e cultivar amizades verdadeiras faz bem aos seres humanos. A criação de vínculos interpessoais ajudam o indivíduo a superar problemas e moldam--no para que se interesse por outras pessoas. A verdadeira amizade faz com que as pessoas superem as diferenças e busquem uma boa qualidade em seus relacionamentos.
Disponível em: www.fuvest.br/vest2007/bestred/500105.stm. Acessado em abr. 2008.

O primeiro parágrafo expõe, apresenta a opinião do autor a respeito do assunto proposto.
Os parágrafos 2, 3 e 4 argumentam, isto é, apresentam ideias do autor para convencer o leitor. Para convencer, foram usados alguns recursos, como citações simples e sofismas.

O último parágrafo expõe novamente a opinião do autor, sua visão de mundo, suas crenças e seus valores.

Em relação à língua, é preciso ser claro e, para isso, o ideal é usar frases declarativas, vocabulário simples e, de preferência, objetivo — é conveniente evitar os clichês, ou seja, as frases feitas, como "a união faz a força", "é preciso saber viver", etc. Dê preferência à ordem direta dos enunciados (primeiro sujeito, depois verbo, complementos). Não se pode esquecer de usar termos que articulem as partes, para a progressão do tema, como entretanto, assim, por isso, logo, que contribuem para a coesão necessária a um bom texto.

Em relação ao estilo, ou seja, ao jeito de escrever uma dissertação, é preciso observar a presença de determinadas marcas gramaticais, tais como o verbo ser das orações subordinadas substantivas subjetivas. Por exemplo, é comum aparecerem as construções "é importante...", "é inútil...", etc. Note que elas ajudam a apresentar a opinião do autor de forma objetiva. O tempo verbal predominante é o presente com valor atemporal, que transmite a ideia de que a opinião dada vale generalizadamente.

Modelo de texto dissertativo nota 1000

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