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Elementos constitutivos do texto descritivo

A visão, a audição, o olfato, o tato e o paladar - nossos cinco sentidos - constituem os alicerces da descrição. A eles acrescentamos nossa imaginação criadora.
Na medida em que se ancora na percepção sensorial, o texto descritivo explora os cinco sentidos, seja isoladamente, seja confundindo-os, isto é, utilizando-se de sinestesias.
"Não se esqueça de que percebemos ou observamos com todos os sentidos e não apenas com os olhos. Haverá sons, ruídos, cheiros, sensações de calor, vultos que passam, mil acidentes, enfim, que evitarão se torne a descrição uma fotografia pálida daquela riqueza de impressões que os sentidos atentos podem colher".
Othon M. Garcia - Comunicação em Prosa Moderna - Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996)

Leitura Comentada


Escrever um texto dissertativo é uma competência que todo aluno deve ter na hora de fazer o Enem e o vestibular. Por isso mesmo é que recomendo a leitura do meu artigo em que ensino como fazer uma boa redação dissertativa no Enem.

Para exemplificar a exploração dos sentidos no texto descritivo, leia as várias versões de um parágrafo em que uma personagem se recorda de cenas de seu casamento, explorando cada um deles, primeiro isoladamente e depois por meio de sinestesia:

exploração da visão

JOANA lembrou-se de repente, sem aviso prévio, dela mesma em pé no topo da escadaria. Não sabia se alguma vez estivera no alto de uma escada, olhando para baixo, para muita gente ocupada, vestida de cetim, com grandes leques. Muito provável mesmo que nunca tivesse vivido aquilo. Os leques, por exemplo, não tinham consistência na sua memória. Se queria pensar neles não via na realidade leques, porém manchas brilhantes nadando de um lado para outro...
(Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem - Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986 - texto adaptado)

Comentários

A cena é construída predominantemente por meio da visão, conjugada com a memória. Repare que a personagem se recorda de si mesma, numa perspectiva de cima em relação a um cenário que se esfumaça, transitando da objetividade para a subjetividade e assim fundamentando a imprecisão da lembrança, tematizada no texto.

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