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Exploração da sinestesia na redação

A exploração da audição no texto descritivo é um recurso poderoso do qual já falamos aqui no artigo anterior. Você pode saber mais sobre a descrição na pintura no site da Wiki também. Veja este exemplo abaixo sobre o uso desse recurso na construção de um texto no vestibular.

JOANA lembrou-se de repente, sem aviso prévio, dela mesma em pé no topo da escadaria. (...) Muito provável mesmo que nunca tivesse vivido aquilo. Se queria pensar nos leques não os via na realidade, porém manchas brilhantes pareciam farfalhar de um lado para outro entre palavras em francês, sussurradas com cuidado por lábios juntos...

(Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem - Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986 - texto adaptado)



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Nesta versão do mesmo parágrafo descritivo, a audição se acrescenta à visão para marcar a já comentada imprecisão da memória; ao mesmo tempo, aumentam os detalhes, que vão caracterizando mais expressivamente a evocação do passado.

Outra questão interessante na redação é a exploração do tato

JOANA lembrou-se de repente, sem aviso prévio, dela mesma em pé no topo da escadaria. (...) Muito provável mesmo que nunca tivesse vivido aquilo. (...) Mas apesar de tudo a impressão continuava querendo ir para frente, como se o principal estivesse além da escadaria e dos leques. Sentia na planta dos pés aquele medo frio de escorregar, nas mãos um suor cálido, na cintura uma fita apertando, puxando-a como um leve guindaste para cima.

(Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem - Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986 - texto adaptado)

Comentários

Aqui a cena se torna mais rica e complexa, uma vez que os elementos da percepção tátil desviam o foco da descrição, que se afasta do cenário para focalizar a personagem, aumentando o conteúdo de subjetividade do texto e desta forma concentrando-o na realidade interior, nas sensações íntimas daquela que lembra.

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